País asiático vive crise humanitária com perseguição de minoria muçulmana

Papa Francisco ao lado de Aung San Suu Kyi, líder de Mianmar | (Foto: Soe Zeya Tun/Reuters)
Nesta terça (28), em discurso após encontro com a líder de Mianmar, Aung San Suu Kyi, o papa Francisco fez um apelo para que a reconciliação do país inclua “um forte compromisso com a justiça e respeito pelos direitos humanos”, em referência à crise humanitária dos rohingyas.
Na tentativa de chamar a atenção para a grave situação do grupo étnico que pratica o islamismo e vive sob tensão em um país predominantemente budista, Francisco ressaltou que as comunidades religiosas devem desempenhar um imenso trabalho de reconciliação nacional por conta dos conflitos civis e hostilidades que criaram profundas divisões entre a população.
“As diferenças religiosas não devem ser fonte de divisão e desconfiança, mas sim uma força em prol da unidade, do perdão, da tolerância e da sábia construção da nação. As religiões podem desempenhar um papel significativo na cura das feridas emocionais, espirituais e psicológicas daqueles que sofreram nos anos de conflito. Impregnando-se de tais valores profundamente enraizados, elas podem ajudar a extirpar as causas do conflito, construir pontes de diálogo, procurar a justiça e ser uma voz profética para as pessoas que sofrem”, enfatizou o pontífice. Ainda de acordo com o papa, o “árduo processo de construção da paz” só pode avançar se houver diálogo:
“O futuro de Mianmar deve ser a paz, uma paz fundada no respeito pela dignidade e os direitos de cada membro da sociedade, no respeito por cada grupo étnico e sua identidade, no respeito pelo Estado de Direito e uma ordem democrática que permita a cada um dos indivíduos e a todos os grupos – sem excluir nenhum – oferecer a sua legítima contribuição para o bem comum”, declarou o papa.
Já no fim do discurso, Francisco fez um encorajamento à pequena comunidade católica evocando um papel importante também para ela nesta nova fase histórica do país do sudeste asiático. “Nestes dias, quero encorajar os meus irmãos e irmãs católicos a perseverar na sua fé e a continuar a expressar a sua mensagem de reconciliação e fraternidade através de obras de humanitárias e de caridade. Espero que, na respeitosa cooperação com os seguidores de outras religiões e com todos os homens e mulheres de boa vontade, contribuam para abrir uma nova era de concórdia e progresso para os povos desta amada nação”, concluiu o papa.
Confira abaixo um vídeo com um trecho do discurso:
Veja também:
grupo étnico marginalizado
em vários países, teve origem na antiga Birmânia (hoje Mianmar)
ou no Bengala (atual Bangladesh).
Adicionar Comentário