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A África rumo à COP30

O continente está se preparando para a Conferência da ONU sobre o Clima, que será realizada em Belém, no Brasil, em novembro próximo. Uma oportunidade para reunir ideias e propostas de soluções para as questões climáticas, identificando antes de tudo as necessidades essenciais que favoreçam políticas de adaptação e mitigação.

Foto de <a href="https://unsplash.com/pt-br/@andrei_carina?utm_content=creditCopyText&utm_medium=referral&utm_source=unsplash">Andrei Carina</a> na <a href="https://unsplash.com/pt-br/fotografias/lua-azul-e-branca-e-estrelas-impressas-bola-redonda-g7kG6NR8eA4?utm_content=creditCopyText&utm_medium=referral&utm_source=unsplash">Unsplash</a>

Foto de Andrei Carina na Unsplash


A capital etíope, Adis Abeba, recebeu nas últimas semanas líderes dos países africanos para dois importantes encontros sobre o clima: a Climate Week (CW) e a African Climate Summit (ACS2). Ambos os eventos foram cruciais para a preparação rumo à COP30 — a Conferência das Partes sobre as discussões e negociações referentes às mudanças climáticas —, que acontecerá em Belém, no Brasil, de 10 a 21 de novembro de 2025.


A Climate Week (1º a 6 de setembro) foi uma ocasião para reunir ideias e propostas de soluções para os desafios climáticos, identificando, em primeiro lugar, as necessidades básicas para o avanço das políticas de adaptação e mitigação. Governos, especialistas, instituições e representantes da sociedade civil participantes conseguiram condensar as discussões daqueles dias em uma série de “recomendações-chave”. Elas foram publicadas na Declaração de Adis Abeba sobre Mídia, Clima, Paz, Segurança e Justiça, elaborada em preparação ao ACS2.


Os participantes da Semana do Clima discutiram temas como paz e segurança, transição justa e financiamento climático, o papel dos meios de comunicação e a importância de uma comunicação livre de fake news. Entre os pontos mais relevantes, destacou-se a questão de gênero: os países africanos reconhecem a importância de considerar as mulheres não apenas como vítimas da crise ambiental, mas como agentes ativas que contribuem para o combate às mudanças climáticas. O mesmo vale para outras comunidades marginalizadas, que devem ser incluídas nas ações e ter igual acesso aos benefícios das estratégias de transição.


Outro tema importante diz respeito aos financiamentos provenientes da União Europeia e de outros países do “Norte Global”: os projetos de financiamento climático não devem ser concebidos como caridade, mas como instrumentos de justiça para todos os países que não podem arcar sozinhos com os custos da transição, mas estão prontos para se engajar na linha de frente.


A África reafirmou com força seu papel de autodeterminação na luta climática também durante a cúpula iniciada em 8 de setembro. Após a primeira edição, realizada em 2024, em Nairóbi, o evento deste ano teve como título “Acelerando Soluções para o Clima Global: Financiamentos para o Desenvolvimento Resiliente e Verde da África”. Na abertura, o primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed Ali, declarou: “Não estamos aqui para negociar nossa sobrevivência, mas para projetar a próxima economia climática”, afirmando que o continente está pronto para “oferecer soluções” e, por isso, pede “investimentos reais, e não caridade”.


O ACS2 contou com a presença de 25 mil pessoas, entre elas 45 chefes de Estado, políticos, especialistas e ativistas climáticos, bispos e cidadãos. A participação juvenil foi particularmente expressiva, testemunhando o crescente interesse das novas gerações pelas questões climáticas. Os jovens estão entre os mais conscientes das condições críticas do continente e entre os primeiros a chamar atenção para problemas como a escassez de água e os eventos climáticos extremos. Embora a África contribua com menos de 4% das emissões globais, continua sendo o continente mais vulnerável.


Antecedendo a Cúpula, os jovens também se reuniram na Assembleia Africana da Juventude sobre o Clima, durante a qual mais de dois mil participantes elaboraram uma declaração que reafirma seu compromisso e apresenta pedidos específicos aos governos africanos. As novas gerações reconhecem que a questão climática é, antes de tudo, um problema de segurança — climática, alimentar e sanitária — e pedem à União Africana que a trate dessa forma. Solicitam, ainda, que os jovens sejam considerados interlocutores reais nos projetos voltados à gestão de emergências de deslocados internos e conflitos ambientais, e que estejam no centro das decisões sobre o desenvolvimento e expansão das infraestruturas de energia renovável — propondo que essa expansão ocorra de maneira capilar, incluindo as comunidades mais isoladas.


Significativo também foi o apelo dos bispos, que se pronunciaram especialmente em favor de abordagens renováveis na agricultura, com a implementação de tecnologias que preservem a biodiversidade. Na véspera da Cúpula, o arcebispo Roger Coffi Anoumou, da diocese de Lokossa (Benim), afirmou que a África não pode ser apenas objeto de interesses estrangeiros, e que são necessárias “soluções verdadeiras, voltadas à igualdade social, à dignidade humana e ao cuidado da criação”, em contraste com projetos voltados apenas à extração de recursos.


As perspectivas abertas pelo ACS2 são as de um continente unido e pronto para se apresentar como tal também na iminente COP30. Uma unidade que se manifestou inclusive entre líderes cristãos — protestantes e ortodoxos — e muçulmanos, que declararam juntos que “a posição do continente africano para a COP30 não expressa apenas visões políticas e econômicas, mas também ideias espirituais e morais profundamente enraizadas na vida das pessoas.


Por Rebecca Molteni - Mondo e Missione - tradução e adaptação redação Mundo e Missão

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