Cristãos e budistas recordam o padre Mike, mártir pelos pobres
- Editora Mundo e Missão PIME
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- há 7 dias
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No vilarejo de Buttala, onde foi viver para defender os direitos dos últimos, permanece viva a memória do missionário dos Oblatos de Maria Imaculada, assassinado em 10 de novembro de 1987.Os monges recordam: “Os mais velhos se lembram da luz que ele trouxe entre nós”.O confrade, padre Shanil, acrescenta: “Redescubramos o que o movia a viver daquela maneira, com um testemunho que permanece atualíssimo hoje”.
“A encarnação não é apenas um conceito teológico. Dar a vida pelo próprio povo não são apenas palavras. O padre Mike nos ensinou isso com seu testemunho, que continua vivo.”
Com essas palavras, grupos cristãos, sacerdotes dos Oblatos de Maria Imaculada, religiosos da região e não cristãos do vilarejo de Buttala recordaram nestes dias a figura do padre Michael Paul Rodrigo, sacerdote católico assassinado a tiros em 10 de novembro de 1987. Um testemunho profundamente atual, especialmente às vésperas do Dia Mundial dos Pobres, que a Igreja celebrará no mundo inteiro no domingo, 16 de novembro.
Missionário dos Oblatos de Maria Imaculada, o padre Mike foi assassinado em sua residência, conhecida como Suba Seth Gedara — “A casa de quem deseja o bem” — por seu trabalho em defesa da justiça entre as pessoas extremamente pobres de Buttala, na região de Uva-Monaragala. Vivendo plenamente o seu ministério sacerdotal, escolheu compartilhar a vida com os mais desfavorecidos e oprimidos: não tinha medo de denunciar abusos e injustiças, mostrando “um novo modo de ser cristão”.
O vilarejo de Buttala era habitado majoritariamente por uma população budista, mas o padre Michael ofereceu um serviço extraordinário a todos, sem nenhuma discriminação religiosa. Uma atitude que também os monges do Buttala Purana Raja Maha Viharaya quiseram recordar, realizando rituais e recitando o Pirith (oração budista) em sua memória.
“Mesmo que não o tenhamos conhecido pessoalmente, sabemos pelos nossos pais e pelos anciãos da aldeia quanto ele serviu ao nosso povo durante sua vida, trazendo luz ao vilarejo”, disse o abade.
“Conheci o padre Mike quando éramos estudantes no Seminário Nacional. Aprendemos com ele, não em uma sala de aula, mas através da vida. Sua vida ainda hoje nos desafia, todos os dias”, contou à AsiaNews Ajith Hadley Perera, que foi seu aluno e hoje é ativista social leigo.
O padre Rodrigo defendeu os direitos dos camponeses durante o processo de desapropriação de terras pela fábrica de açúcar Pelawatte Sugar Factory. Por isso, começaram as ameaças de morte contra ele.Em 1987, o Sri Lanka vivia um período de terror generalizado — um contexto perfeito para silenciar sua voz, já que seria fácil atribuir o crime a rebeldes ou desconhecidos armados. Mesmo assim, ele decidiu não abandonar os pobres. Um atirador desconhecido o acertou na cabeça através de uma janela.
“Aquela dedicação tão extraordinária deu às nossas vidas uma força e um poder imensos”, recorda Ajith Hadley.
O padre Shanil, também dos Oblatos de Maria Imaculada, lembra que quando o padre Mike começou sua vida em Suba Seth Gedara, em Buttala, o diálogo budista-cristão — ou o chamado “diálogo da vida” — ainda não eram expressões comuns. No entanto, ele deu um passo corajoso nessa direção: não se limitou a ser um intelectual (o que de fato já era na época), debatendo semelhanças e diferenças doutrinais, mas decidiu viver em um vilarejo budista remoto, compartilhando suas dificuldades cotidianas.
Junto com as irmãs Milburga e Benedicta e outros voluntários, o padre Mike organizou campanhas de saúde, reinseriu crianças na escola, construiu centros Montessori, fundou uma biblioteca, formou enfermeiras descalças e introduziu o uso de remédios tradicionais produzidos localmente.
“Se nós, sacerdotes e religiosos do Sri Lanka, quisermos hoje nos inspirar em sua vida e missão — reflete o padre Shanil — não podemos simplesmente repetir o que ele fazia. Precisamos compreender o que o movia a viver daquele modo.”
Ele sonhava com uma Igreja profundamente enraizada nesta terra, compartilhando as dificuldades do povo — católicos ou budistas, cingaleses ou tâmiles — e trabalhando de verdade para melhorar suas vidas.Isso era o que ele chamava de ‘diálogo da vida’.
“Essa visão do padre Mike — conclui o confrade — permanece necessária ainda hoje, e continuará a sê-lo por muitas gerações neste país multirreligioso e multiétnico, onde a maior parte das pessoas ainda vive abaixo da linha da pobreza.”
Por Melani Manel Perera - AsiaNews - Tradução e adaptação Redação Mundo e Missão
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