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Dia Internacional dos Povos Indígenas: "cuidar da nossa casa comum"

Patrícia Gualinga, indígena do povo Kichwa de Sarayaku: os povos indígenas estão conscientes de que "a proteção da natureza e da Amazônia é uma parte fundamental da contribuição para um mundo melhor, é uma contribuição global".

Reprodução Vatican Media

No Dia Internacional dos Povos Indígenas, nada melhor do que ouvir a sua voz para nos fazer, como sociedade global, participar nos seus clamores e aprender com eles a cuidar de tudo o que garante o futuro do planeta e a vida da humanidade. Homens e mulheres de diferentes povos e países, que, a partir da Assembleia da Conferência Eclesial da Amazónia (CEAMA), que se realiza em Manaus de 8 a 11 de agosto, nos ajudam a tomar consciência da sua importância.

"Um dia especial de resistência e identidade dos povos indígenas para o mundo", insiste o colombiano Henry Yasmani Fuentes. O indígena Piaroa sublinha que se trata de um dia de "ressignificação e revalorização da nossa cultura, dos nossos costumes", apelando a que "continuemos a manter este conhecimento e sabedoria ancestral enquanto povos indígenas para cuidarmos da nossa casa comum".

São povos que clamam por ajuda, especialmente as mulheres, algo que Belinda Jima, uma indígena do povo Awajún, está a pedir, solicitando que as mulheres indígenas do seu povo e de todo o Peru sejam "consideradas para que se saiba o que estamos a pedir". Ela quer "que nos compreendam e que possam sempre acompanhar-nos para que também nós possamos ter uma educação e prepararmo-nos para ajudar os nossos filhos". É por isso que ela deseja que "as mulheres tenham muita coragem, que avancem juntamente com os outros que vivem nas suas comunidades e, sobretudo, que sejam escutadas".


Um dia para partilhar a sua importância para os povos indígenas, nas palavras de Juan Urañavi, um indígena do povo Gwarayu da Bolívia. Por isso, sublinha a necessidade de partilhar "com outros irmãos e irmãs, amigos, de forma fraterna, as nossas experiências, as nossas dores, as nossas lutas, em todo o território da Amazônia".

Os povos indígenas estão conscientes de que "a proteção da natureza e da Amazônia é uma parte fundamental da contribuição para um mundo melhor, é uma contribuição global", segundo Patrícia Gualinga, indígena do povo Kichwa de Sarayaku, no Equador. A vice-presidenta da CEAMA insistiu em "escutar a voz dos povos indígenas, que é a voz da Mãe Terra, aprender e reaprender com o contributo dos povos indígenas, porque há contributos suficientes para construir um mundo melhor, para deixar um legado às gerações futuras". Depois de saudar os seus irmãos e irmãs indígenas de todo o bioma amazónico e de todo o mundo, apelou à "força para que possamos sensibilizar a sociedade global a amar a Mãe Terra, a amar a natureza".

São povos de grande importância para a sociedade brasileira e para toda a Amazônia, insistiu Odair José Sousa, cacique do povo Borari. Num país onde a perseguição aos povos indígenas tem aumentado nos últimos anos, o indígena brasileiro não hesitou em dizer à sociedade que "nós existimos, nós estamos vivos", demonstrando a sua rejeição ao chamado Marco Temporário, que pretende reconhecer como territórios indígenas apenas aqueles ocupados à data da promulgação da Constituição de 1988. Dadá Borari destacou que os povos indígenas são a favor da biodiversidade, da vida, o que os leva a apostar na "defesa de tudo e principalmente da casa comum, uma palavra muito forte para o nosso querido e amado Papa Francisco".

Acompanhar os povos indígenas é uma orientação fundamental para a Igreja Católica, uma tarefa que podemos dizer que cabe ao Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral. O seu prefeito, o cardeal Michael Czerny, considera que uma verdade importante é que "todos os povos merecem ser escutados". Reconhecendo que na história há povos que não foram escutados, apelou a "um esforço redobrado para escutar".

Perante esta realidade, insistiu que "como povos originários, povos indígenas e migrantes, estamos numa fase de aprender a ouvir-nos uns aos outros, porque obviamente temos de ouvir os povos originários". Considerando que há muitas questões a abordar, sublinhou que "uma questão muito importante é a ecologia integral, não a ecologia verde, mas a ecologia integral, porque é isso que os povos indígenas vivem e o que todos temos de viver se quisermos sobreviver no nosso planeta". Daí o seu convite para este dia importante: "escutar, escutar, escutar".


Por Padre Modino - CELAM


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