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Em meio ao caos a Igreja missionária entra em ação

Nos últimos dias o mundo acompanhou a tragédia climática no Rio Grande do Sul, em pouco mais de uma semana mais 450 municípios gaúchos tiveram bairros engolidos pela água, consequência de uma chuva constante.

Foto: Getty Images.
Foto: Getty Images.

O cenário de guerra, descrito por alguns moradores já deixou pelo menos 147 mortos e afetou mais de 2,1 milhões de pessoas. Segundo os últimos boletins da Defesa Civil, mais de 450 dos 497 municípios do Estado do Rio Grande do Sul, cerca de 90%, foi atingido pela enchente.


Igrejas embaixo d'água

As fortes chuvas afetaram mais de 30 igrejas dos quatro vicariatos da Arquidiocese de Porto Alegre. Segundo fontes oficiais não se sabe ainda calcular o total de igrejas inundadas em todo o Estado gaúcho.

Frei Juan Miguel Gutiérrez, pároco da Paróquia Sagrado Coração de Jesus, Harmonia-Canoas (cidade de Canoas), com 13 comunidades, teve todas elas embaixo d’água. Frei Juan conta: “A experiência que vivi em Canoas, foi um pesadelo muito difícil. Até hoje acordo de madrugada pensando que estou no meio da água. É terrível ter que viver esta experiência. São momentos de tristezas, angústias e desespero. A Igreja, secretaria e casa Paroquial, tudo debaixo das águas. Perdemos tudo, menos a fé. A fé que nos dá a força para depois que baixarem as águas das enchentes, encher-se de coragem para recomeçar e reconstruir. Neste momento de dor, o que nos consola é a caridade, a solidariedade e preces dos irmãos de caminhada."

Cristãos em saída

É nesta hora que a solidariedade acontece, centenas de voluntários têm feito a diferença, ajudando a resgatar e abrigar vítimas, e arrecadar e distribuir mantimentos. Sem contar a mobilização nacional em prol das cidades gaúchas.


O bispo referencial de Canoas, Dom Juarez Albino Destro, e Frei's Natalino e Juan Miguel, visitaram os abrigos, dando uma palavra de conforto e esperança aos desabrigados. Em uma das visitas, encontraram um abrigo que funciona numa casa de Família, “é muito bonito de ver o rosto dos voluntários servindo com alegria. Por isso, há maior alegria em dar do que em receber"(At, 20,35), reflete um dos freis.

O secretário do Regional Sul3 da CNBB, que envolve 18 Dioceses (4 Arquidioceses) de todo o Estado do Rio Grande do Sul, Pe. Rogério Ferraz, expressou que “nas horas de sofrimento e grande necessidade os cristãos sempre se demonstraram solidários. De todo o Brasil sentimos o calor humano dos irmãos e irmãs que se preocupam e mobilizam as comunidades, paróquias e dioceses para oferecer o que podem aos que mais sofrem. A caridade é um bálsamo que consola os que estão em tribulação. O que podemos ofertar são nossas preces a Deus para que ilumine e recompense tanta generosidade e amor”.

A Missionariedade do cristão se faz por meio da Igreja em Saída, Padre Camilo Pauletti, que foi diretor das Pontifícias Obras Missionárias (POM) de 2010 a 2016, hoje atuando na Paróquia Menino Deus, no bairro Serrano, em Caxias do Sul (RS), relatou as ações de solidariedade da população gaúcha:


“A situação de chuvas no RS e aqui na serra gaúcha em Caxias do Sul tem sido desesperadora, porque nunca se viu tamanha quantidade de água em poucos dias. Na medida em que havia flagelados, desabrigados, desmoronamentos e mortes, com a circulação das notícias também nos meios sociais, isso sensibilizou muito o nosso povo cristão. Nas comunidades e nos grupos sociais começaram a se mobilizar para acolher, abrir salões, abrir ginásios e também motivar as pessoas para a solidariedade. Isso desde o começo tem amenizado o sofrimento. Agora o sol saiu e segue a situação de apoio àqueles que foram atingidos”.

O protagonismo da Juventude

O reconhecimento e o respeito autênticos pelos dons e talentos dos jovens é outro aspecto vital de uma Igreja corresponsável, como o “AGORA DA IGREJA”, neste momento, os jovens podem dar o testemunho da certeza de que somos todos irmãos e reconhecidos, a partir do amor fraterno que vem do Cristo, que vive, é a nossa esperança e a mais bela juventude deste mundo (cf. Christus Vivit n.1).


Foto: POM

A Juventude Missionária da cidade de Bom Princípio (RS) articula uma frente de jovens voluntários, com participação de diversos outros grupos e movimentos juvenis, prestando auxílio às comunidades afetadas, levando consigo não apenas suprimentos materiais, mas também um espírito de compaixão e apoio emocional. Os jovens missionários têm distribuindo alimentos, água potável, roupas e produtos de higiene. Além disso, oferecem seu tempo em mutirões de limpeza nas casas, retirando a lama que tomou conta dos espaços.


Segundo a jovem Thais Riedi, integrante do grupo, a experiência que a JM iniciou tem sido um momento de união e apoio às pessoas que mais necessitam.

“Nosso grupo de Juventude Missionária é bem pequeno. Começamos a fazer as marmitas durante a enchente que atingiu a cidade em novembro de 2023 e divulgamos essas ações nas redes sociais. Isso nos deu muita visibilidade e a articulação com outros voluntários foi crescendo. Hoje estamos a frente de um grupo de voluntários com mais de 280 pessoas, em que somos responsáveis por fazer as marmitas, realizar a limpeza voluntária das casas e organizar o recebimento de doações”.

Os Jovens do Movimento dos Focolares na cidade de São Leopoldo, região metropolitana de Porto Alegre também fizeram algumas ações, entre elas se juntaram à um grupo de estudantes de Medicina e Enfermagem da Universidade Adventista de Maringá que foram ao Estado a fim de ajudar no atendimento às vítimas. Para além do intenso trabalho, uma bela relação de amizade foi criada entre todos.


A jovem Adelina Prietto conta que em sua comunidade na cidade de Santa Maria, no interior do RS, um dos munícipios dos mais afetados pelas enchentes, o esforço dos membros dos Focolares em ajudar a comunidade indígena caingangue que ficou isolada pelas águas “tem sido uma experiência muito forte, dolorosa, porque vemos muita tristeza, e ao mesmo tempo, dá ânimo e a certeza de que juntos somos mais fortes”, declarou a jovem.


Reconhecimento

A presidência do regional Sul 3 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) publicou nesta quarta-feira, 22 de maio, a carta: “Gratidão aos voluntários no Rio Grande do Sul”, no documento, os bispos afirmam que apesar do flagelo que atingiu o RS perceberam uma grande “luminosidade em meio à noite escura. Trata-se do trabalho realizado por inúmeros instituições governamentais, militares e civis.

“Nossas comunidades eclesiais permanecem de portas abertas para acolher os desabrigados, consolar os aflitos e atender as necessidades que emergem. Como bem diz o Papa Francisco: somos comunidades semelhantes a Hospitais de Campanha, que socorrem imediatamente quem precisa”, diz um trecho da carta.

“Que possamos revestir-nos de esperança para enfrentar os próximos desafios. O ritmo será outro, mas vamos perseverar nesse compromisso comum. Neste contexto, estamos aprendendo que a amizade social é “fraternidade aberta, que permite reconhecer, valorizar e amar todas as pessoas independentemente da sua proximidade física, do ponto da terra onde cada uma nasceu ou habita” (Fratelli Tutti,1)”, diz a carta.


Por Valesca Montenegro - redação Mundo e Missão, com informações da CNBB.


 

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