Em artigo assinado pelo mestre em Teologia, Diogo Luiz Santana Galline, o aprofundamento dos grupos "como um privilegiado modelo de ação evangelizadora" entre os jovens: "é ali, nesse espaço seguro e acolhedor, que Deus se manifesta, que se pode gerar vínculos verdadeiros, que se fortalece o cuidado de uns para com os outros, que se pode ser quem se é – sem medo ou receio de julgamentos. E assim, em comunidade, pode-se fazer a experiência com o Cristo Ressuscitado".
Maria Eduarda, 14 anos, é muito envolvida em causas sociais e se preocupa com um mundo melhor. Luísa foi acostumada, desde pequena, a rezar o terço com sua avó e toda semana auxilia na missa de sua paróquia. Jonatas valoriza demais os amigos e adora praticar esportes coletivos com eles. Clarice faz questão de conciliar sua agitada rotina com atividades pessoais que lhe dão prazer. Pablo está em busca de um sentido para sua vida. O que essas pessoas têm em comum? Todas elas participam de um mesmo grupo de jovens religiosos promovido pela escola católica em que estudam.
Mas, afinal, o que é esse tal grupo de jovens? Como o próprio nome já sugere, trata-se de uma organização pautada na acolhida, periodicidade e vinculação de seus membros. Na maioria das vezes, um jovem-adulto (ou adulto) assume a função de facilitador e, por meio de encontros programados e bem fundamentados, oferta atividades que possam conduzir os participantes ao amadurecimento na fé.
Não é de hoje que a Igreja Católica se utiliza dessa metodologia pastoral. Uma vez que os jovens são reconhecidos pela movimentação em agrupamentos de afinidade, percebeu-se o grupo como um privilegiado modelo de ação evangelizadora. É ali, nesse espaço seguro e acolhedor, que Deus se manifesta, que se pode gerar vínculos verdadeiros, que se fortalece o cuidado de uns para com os outros, que se pode ser quem se é – sem medo ou receio de julgamentos. E assim, em comunidade, pode-se fazer a experiência com o Cristo Ressuscitado.
O grupo é onde o plural consegue se evidenciar, seguindo a ‘premissa Paulina’ de unidade na diversidade (1 Co 12, 12). Diferentes pessoas, com características particulares, unidas por um mesmo propósito. Da mesma forma como uma colcha de retalhos se destaca pela variedade de cores e texturas, o grupo de jovens também será enriquecido a partir da beleza de um mosaico composto por seus pedaços díspares, lembrando que o todo sempre será maior do que a mera soma de suas partes.
Um detalhe continua a ser muito importante na vida de um grupo de jovens: para que ele seja realmente efetivo, há que se oferecer uma proposta que esteja adequada à realidade de seus participantes. Isso não significa deturpar a mensagem do Evangelho, senão de estar atento aos sinais dos tempos. A partir de uma linguagem apropriada que dialogue com a vida dos adolescentes e jovens, pode-se apresentar a Boa Nova e de como ela faz e traz sentido à vida de todas e todos.
Um exemplo dessa metodologia de grupos para a evangelização das juventudes é a Pastoral Juvenil Marista (PJM), organizada pelo Instituto Marista. Nos grupos da PJM, o estudante é incentivado a trilhar um caminho de amadurecimento na fé. É um itinerário individual – afinal, trata-se de um convite pessoal – em que os passos acontecem coletivamente, junto aos demais adolescentes e jovens interessados. A PJM possibilita, dentre tantas coisas, a formação integral de seus envolvidos, contemplando as dimensões bio-psico-social-espiritual. O lema foi inspirado pelo fundador, São Marcelino Champagnat, e segue vivo até hoje: ‘formar bons cristãos e virtuosos cidadãos’. Fundada em 2005, hoje a PJM conta com aproximadamente 7 mil participantes jovens em 18 estados do território nacional.
Para finalizar, voltemo-nos à historieta inicial. Esses jovens – embora distintos entre si – estão unidos numa mesma causa. Há razões mais que suficientes para acreditar que exista um fio condutor costurando o todo: a certeza de que Cristo se revela nessa comunidade, caminha com eles em uma comum unidade e conta com cada um deles na construção de um mundo mais fraterno e humano. Nas palavras de Francisco: “proponho aos jovens irem mais além dos grupos de amigos e construírem uma verdadeira amizade social” (CV, 169).
*Psicólogo, mestre em Teologia, especialista em Identidade, Missão e Vocação da Província Marista Brasil Centro-Sul e do Observatório das Juventudes da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR)
Por Vatican Media
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