Volvidos cem anos após a sua fundação, a Paróquia de Namuno deu agora início ao segundo século de missão, com o novo Bispo Dom António Juliasse, recém-empossado - frisou na solene celebração de ação de graças pelos 100 anos da Missão de Santa Maria de Namuno, o arcebispo de Nampula, Dom Inácio Saúre, Presidente da Conferência Episcopal de Moçambique (CEM).
Há exatamente cem anos, dois Missionários Monfortinos franceses (Martin Baslé e Le Breton) davam início, sob a invocação de Santa Maria de Namuno, à Missão Santa Maria de Namuno. O fato foi comemorado, no último domingo 22 de maio, com uma solene celebração da Eucaristia presidida por Dom Inácio Saúre, arcebispo de Nampula e Presidente da Conferência Episcopal de Moçambique (CEM).
Participaram na celebração o Presidente da República Filipe Jacinto Nyusi e diversas autoridades do governo central e provincial, Bispos e Arcebispos da CEM, dezenas de sacerdotes (diocesanos e missionários) vindos de diferentes dioceses do País, religiosas e religiosos e milhares de fiéis da diocese de Pemba e arredores.
A Missão de Santa Maria de Namuno, disse ainda o arcebispo, Dom Inácio Saúre, pode ser considerada, a justo título, como o berço da evangelização da parte continental do então Distrito (hoje Província) de Cabo Delgado, que faz parte do imenso território eclesiástico designado por Diocese de Pemba.
“Que ninguém ouse voltar a ofender a Deus neste lugar sagrado”, advertiu Dom Inácio Saúre, acrescentando que neste lugar, o Deus dos nossos antepassados sempre esteve presente, porque o povo daqui é muito religioso. “Portanto, os missionários, ao chegarem aqui, não trouxeram um Deus que não existia, mas vieram iluminar os locais com aquela luz que se deve revelar às Nações, Cristo Senhor”, ressaltou o prelado. Amado povo de Deus da diocese de Pemba, disse Dom Inácio a terminar, começa hoje um novo século da evangelização de Namuno e da diocese de Pemba; o novo século começa com um novo Bispo, um Bispo jovem e um jovem Bispo; o novo século começa em pleno itinerário da preparação do Sínodo dos Bispos, convocado pelo Papa Francisco, sob o lema “Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão”. E para que o ano jubilar da Missão de Santa Maria de Namuno dê frutos, todos e cada um/a de nós terá de trabalhar arduamente como se tudo dependesse apenas do seu trabalho e, ao mesmo tempo, pedir sempre o auxílio de Deus como se tudo dependesse apenas do auxílio de Deus – concluiu o prelado.
Em jeito de felicitação e melhor augúrio para o futuro foram numerosos os testemunhos apresentados: Padre Carlos (dos Missionários Monfortinos), o Bispo Emérito de Pemba, Dom Januário Machaze Nhangumbe, um sacerdote diocesano e o Presidente Filipe Nyusi, entre outros.
O Padre Carlos, que representava o Provincial dos Missionários Monfortinos, falou da possibilidade de uma retomada da missão monfortina na diocese de Pemba. E, por sua vez, o Presidente Nyusi falou do importante papel que a Igreja católica tem tido no País, particularmente nas áreas da saúde, da educação e da moralização da sociedade.
O Padre Eriberto Schwamback, Missionário Palotino e Pároco da Paróquia Santa Maria, Mãe de Deus, de Namuno, falou dos desafios e expectativas da missão de Namuno neste momento. Para o sacerdote, o maior desafio de sempre é manter viva na alma do povo a fé do Evangelho, apesar de todos os desafios e do sofrimento causado pela pobreza, a guerra, as pandemias e todo o tipo de doenças.
Neste sentido, enfatiza o Padre Schwamback, celebrar o jubileu significa fazer com que a semente lançada há cem anos continue a dar frutos na vida das pessoas, hoje. E para o Padre Eriberto, os adolescentes e a juventude são um sinal de esperança não apenas para a Igreja de Namuno mas de toda a Diocese de Pemba.
De referir que, a nota histórica tornada pública durante a celebração, “reza” que tudo teve início em 2 de maio de 1922 quando dois Missionários Monfortinos franceses (Martin Baslé e Le Breton) partiram de Nguludi (Malawi) e em 18 dias fizeram 1.000 km de bicicleta e a pé; quando chegaram ao rio Moatage, já não tinham solas nos sapatos e ali se detiveram, exclamando: “isto é sinal de que é aqui que o Senhor quer que se faça a Missão” e ali iniciaram a Missão sob a invocação de Santa Maria de Namuno e, com a licença do rei local, construíram uma palhota no lugar onde a sola do sapato havia caído.
Os Missionários Monfortinos viram nesses estragos um sinal de Deus para que eles não continuassem o caminho, mas que ficassem aí e começassem a sua Missão nesse lugar: era o ano de 1922. Depois estenderam-se para outras zonas, primeiramente para o norte da Província e depois, pouco a pouco, por toda a Região Sul e a cidade de Pemba. A este primeiro grupo juntaram-se as Irmãs Missionárias da Consolata e, sucessivamente, os Padres Diocesanos, os Missionários da Boa Nova e outros grupos de Missionários e Missionárias, até aos actuais Padres Palotinos, a partir de 2016.
Por Bernardo Suate – Pemba, Moçambique
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