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Superar o homem? Uma resposta missionária

Em Ibiporã, no Brasil, os missionários do Pime da Região América refletiram com o jesuíta padre Carlos Alberto Contieri sobre os desafios da missão da Igreja no tempo do pós-humanismo.


Missionários do Pime reunidos em Ibiporã - Foto: Arquivo: PIME
Missionários do Pime reunidos em Ibiporã - Foto: Arquivo: PIME

Em janeiro deste ano, na Casa Regina dos Apóstolos, em Ibiporã-PR os missionários do Pime da Região América se reuniram para um curso de formação sobre o tema "Os desafios da missão no pós-humanismo", proposto pela Comissão de Formação Contínua do instituto, em continuidade com a iniciativa semelhante realizada no último mês de novembro em Hyderabad, na Índia. Foram mais de quarenta participantes, a maioria da Área Brasil, outros das Áreas México e Estados Unidos.


A reflexão foi conduzida pelo padre Carlos Alberto Contieri, jesuíta brasileiro, que, ao longo dos cinco dias de trabalho, ajudou os participantes a compreender os desafios que aguardam a missão da Igreja neste tempo da história, o tempo do pós-humanismo.

Dois momentos marcaram o curso. O primeiro foi uma introdução necessária para entender como a Igreja deverá responder aos desafios que enfrentará: falou-se da crise de identidade que o ser humano está vivendo, mas também da própria Igreja, chamada à conversão e a retomar o primado da Palavra de Deus e da vida sacramental. Igreja enviada ao mundo, a todos, tendo Cristo como ponto de partida, sua esperança e meta final. É a Igreja do Vaticano II que o Papa Francisco reapresentou, de maneira adequada aos nossos tempos, por meio de seu magistério.


Para isso, porém – e esta foi a reflexão central do segundo momento – a Igreja deve lidar com o contexto cultural em que vive hoje, e é justamente aqui que se insere a reflexão sobre o pós-humanismo. O padre Contieri guiou os participantes na análise dessa corrente de pensamento, que defende a melhoria e a transformação do ser humano por meio de um desenvolvimento tecnológico ilimitado. Alimenta-se de sonhos antigos, que vão desde a superação de todas as doenças até a eliminação do envelhecimento, da erradicação da infelicidade à extinção da morte, acreditando em um ser humano que perpetuará sua vida na Terra. Nesse cenário, a tecnologia tem a missão de realizar esse grande sonho da humanidade.


Nesta visão, nosso presente seria apenas um momento de transição (trans-humanismo) rumo a um futuro inevitável que necessariamente virá (pós-humanismo).


Se ninguém nega os avanços positivos e inegáveis que a tecnologia trouxe consigo, também não se pode ignorar seus limites: sua visão reducionista do ser humano e os problemas que isso acarreta. O pós-humanismo fala da ambição de criar um ser "eterno", baseado no uso de tecnologias de ponta, especialmente a inteligência artificial, que, na realidade, só pode dar origem a figuras híbridas que jamais serão comparáveis ao ser humano. Busca derrotar a morte e caminhar em direção a uma eternidade que, na verdade, é apenas uma mera extensão da vida. Mas, dessa forma, não se elimina verdadeiramente a morte. A vida eterna continua sendo algo profundamente diferente, que transcende a vida humana, sendo uma vida em Deus.


No fim, a questão fundamental para a missão continua sendo: quem é, de fato, o ser humano? Sem dúvida, é um ser em constante transformação e, portanto, aberto às mudanças que a ciência possibilita. Mas não apenas como realidade biológica; essa transformação deve abranger todas as dimensões do ser humano: a orgânica, a psíquica e a espiritual. Assim, o Magistério da Igreja apresenta dados antropológicos que contrastam profundamente com a visão de ser humano do pós-humanismo.


O ser humano corre o risco de ser reduzido à esfera de seus problemas, que a tecnologia busca resolver. Enquanto isso, a antropologia teológica cristã trata o ser humano como um mistério que remete ao seu Criador.


Nesse sentido, o padre Contieri lembrou que a santidade é a única resposta para a questão sobre o ser humano, capaz de iluminar também o futuro da Igreja. Ele citou um pensamento de Simone Weil: "Deus está ausente do mundo – dizia ela –, mas se torna presente na existência daqueles em quem seu amor está vivo". Estar presente no mundo com compaixão: mudar o coração para transformar o mundo.


Por PIME News

 

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