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15 anos do Documento 85, atual e precioso para a Igreja, juventude e sociedade

“Deus nos fala pelo jovem”: uma afirmação belíssima, profunda, profética e revolucionária!


Fotos: Jovens Conectados

Dom Eduardo Pinheiro da Silva, bispo de Jabuticabal (SP), foi o primeiro presidente da Comissão Episcopal para a Juventude, mas antes mesmo disso esteve em momentos importantes para a Pastoral Juvenil. Ele fez parte do grupo de trabalho do então “Estudos 93” da CNBB, que viria a ser o nosso Documento 85 – Evangelização da juventude: desafios e perspectivas pastorais. Ele traz lembranças desse tempo e da elaboração coletiva desse importante marco para a juventude e para a Igreja.


Comemorando os 15 anos da aprovação e lançamento do documento, conversamos com o bispo sobre a construção do documento, sua importância e atualidade.


1- Dom Eduardo, como se deu a construção do documento 85?


R: Quando eu participei pela primeira vez da Assembleia da CNBB, em agosto de 2005, já havia uma equipe organizada responsável por elaborar e apresentar aos bispos, em 2006, um texto sobre Evangelização da Juventude. Recém-ordenado para o episcopado, ainda assustado com a nova missão e com tantos bispos reunidos em um só lugar, fui convidado a fazer parte desta equipe. O trabalho de construção deste material percorreu um longo caminho permeado de muitas reuniões, pesquisas, envolvimento das bases, consultas a especialistas, encontros, versões do próprio texto. Foram dois anos de muito trabalho e os bispos dedicaram tempo especial de duas assembleias gerais (2006 e 2007) para discutirem este importante tema para a missão da Igreja.


Algumas curiosidades: o Documento foi aprovado pela grande maioria dos bispos presentes: 259 votos a favor, 4 contra e 10 “em branco”. O papa Bento XVI, no dia 10 de maio de 2017, dirigindo-se aos jovens presentes no Estádio do Pacaembu em São Paulo, em sua visita ao Brasil, assim se manifestou:


“Os vossos Bispos do Brasil, na sua Assembleia Geral do ano passado, refletiram sobre o tema da evangelização da juventude e colocaram em vossas mãos um documento. Pediram que fosse acolhido e aperfeiçoado por vós durante todo o ano. Nesta última Assembleia retomaram o assunto, enriquecido com vossa colaboração, e desejam que as reflexões feitas e as orientações propostas sirvam como INCENTIVO E FAROL para vossa caminhada”. (Clique aqui para reler o pronunciamento completo)

Além de fazer parte deste processo de construção e aprovação do documento, a oportunidade que me foi concedida para dirigir algumas palavras ao Santo Padre, naquela ocasião, e este reconhecimento de Sua Santidade pelo trabalho realizado a favor da juventude do Brasil, marcaram minha vida de bispo e de salesiano.


Dom Eduardo Pinheiro, durante a JMJ - Rio 2013

2- O documento cita os desafios que caracterizam o universo da juventude, com a intensa busca pelo imediatismo e a dificuldade em fazer boas escolhas, bem como assumir compromissos duradouros; tema muito abordado também pelo Papa Francisco, especialmente no documento sinodal Cristo Vive. Como o documento 85 pode auxiliar, sendo instrumento de estudo, para os jovens neste entendimento?


R: Para enfrentar os desafios hodiernos, o Doc. 85 convida os jovens, através do Cap. II, a nunca perder de vista os três pilares que sustentam as boas escolhas pessoais e o adequado compromisso eclesial e social: JESUS CRISTO, a IGREJA, a SOCIEDADE. A opção radical, convicta e alegre por Jesus Cristo norteará os passos seguros daquele jovem que deseja “acertar na vida”, ser “feliz” e produzir “frutos de bem” ao seu redor. Com esta opção fundante, consciente e madura, o jovem entende seu compromisso na Comunidade Eclesial, bem como seu papel na transformação da realidade sócio-cultural-econômica-política.


Além disto, o documento, em seu terceiro capítulo, retoma a já conhecida dinâmica da organização da vida a partir de escolhas bem-feitas, tendo em conta a exigência de se cuidar de cada uma das DIMENSÕES DA FORMAÇÃO INTEGRAL. A displicência com relação a alguma dimensão da pessoa humana dificulta a compreensão da “vida por inteiro” e a tomada de decisões maduras que devem ir muito além da busca da simples realização de desejos imediatistas, superficiais e egoístas. Além disto, a maioria das “LINHAS DE AÇÃO” com suas respectivas “Pistas de Ação”, desenvolvidas no último capítulo, é uma forte chamada de atenção às novas gerações e à Igreja, para que sejam garantidos aqueles elementos que verdadeiramente poderão auxiliar o jovem na condução adequada de sua vida e missão.


3 – Qual artigo do doc. 85 fala alto ao seu coração de pastor que indicaria como leitura para o jovem que esteja conhecendo hoje o documento?


R: Como o documento é rico em convicções eclesiais e orientações práticas e seguras a favor dos jovens, é difícil escolher apenas um artigo. Em todo o caso, destaco o número 81, que afirma a dimensão teológica do “ser jovem”. “Deus nos fala pelo jovem”: que afirmação belíssima, profunda, profética, revolucionária! Se o jovem compreender cada vez mais que Deus o chama, enquanto jovem, a fazer a diferença no seio da Igreja e da Sociedade, ele passa a acreditar em sua potencialidade, desenvolver melhor seus dons, ousar mais em vista do bem, ser cuidadoso com o amadurecimento de todas as dimensões de sua vida, provocar mudanças significativas ao seu redor! Além disto, se as Instituições, inclusive a Igreja, acreditarem mais na presença e força jovem, todos sairão ganhando: os jovens, a comunidade eclesial, a sociedade, a história.


Aquela novidade singular, própria do jovem enquanto jovem, que ele é capaz de oferecer em vista do desenvolvimento saudável da humanidade, é algo que ainda não é totalmente reconhecido nem valorizado, até mesmo pelos próprios jovens e pela Igreja. E o número 71 ainda pontua: “Nas atividades pastorais com a juventude, faz-se necessário oferecer canais de participação e envolvimento nas decisões, que possibilitem uma experiência autêntica de corresponsabilidade, de diálogo, de escuta e o envolvimento no processo de renovação contínua da Igreja. Trata-se de valorizar a participação dos jovens nos conselhos, reuniões de grupo, assembleias, equipes, processo de avaliação e planejamento”. Enfim, “Considerar o jovem como lugar teológico é acolher a voz de Deus que fala por ele!”, como diz o artigo 81.

4- Qual a atualidade da mensagem deste documento para a Igreja do Brasil que celebra os 15 anos?


R: Este precioso documento continua fortemente atual! É preciso retomá-lo, principalmente aqueles e aquelas que têm uma responsabilidade direta com a vida das novas gerações e com a sua evangelização. Conhecer cada parte dele e buscar operacionaliza-lo, principalmente através da concretização das “Pistas de Ação”. Isso se tornaria um justo e belíssimo reconhecimento de seu valor na história de nossa Igreja do Brasil.


Vejam, por exemplo o CUNHO MISSIONÁRIO da vida do discípulo, desenvolvido pelo documento e sintonizado com a convocação constante do Papa Francisco em vista de uma “Igreja em saída” para o bem de todos; bem como, a exortação para se “ver, valorizar, acolher, considerar… ESCUTAR” os jovens, dentro do clima de “SINODALIDADE”, no qual estamos vivendo neste momento histórico eclesial!


Por isto, convoco a todos a se voltarem a este documento e encontrarem ali uma inesgotável fonte de renovação da evangelização da juventude. Tal documento foi forjado por muitas mãos, retas intenções, ardorosos corações de leigos, jovens, clérigos, religiosos e religiosas… homens e mulheres de boa vontade que sonharam com o esplendor da atuação das novas gerações a favor de todos.


Por redação Jovens Conectados








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