A eletricidade traz a virada, mas só a paz dá futuro
- Editora Mundo e Missão PIME
.png/v1/fill/w_320,h_320/file.jpg)
- 25 de set.
- 3 min de leitura
Recomeça nas Filipinas a coluna do padre Giorgio Licini que, depois de 22 anos na Papua-Nova Guiné, voltou ao país onde tinha começado sua missão na Ásia. Mantendo também o olhar aberto para o mundo e para a Igreja ocidental.
Reflexões extraídas do caminho cotidiano com o povo. Observações não conclusivas e abertas a desenvolvimentos e contribuições. Uma pequena voz vinda das profundezas do Sudeste Asiático e do Pacífico.
A atividade missionária é prática e encarnada, mas se acompanha de uma espiritualidade e reflexão igualmente concretas. É viva e para ser partilhada. Enquanto for possível. Somos os últimos representantes italianos (e europeus) das chamadas “missões modernas”.

"Volto às Filipinas (onde havia passado os primeiros dez anos de atividade missionária), depois de vinte e dois anos na Papua-Nova Guiné. As mudanças são muitas e, em geral, positivas. Tudo cresceu e melhorou. Exceto o clima, ainda mais chuvoso e devastador. E a corrupção administrativa, talvez ainda mais culpada que a chuva quando se trata de diques e barragens que desmoronam devido ao desvio de recursos na qualidade dos materiais. Visitei a antiga missão PIME do Vale de Arakan, na ilha de Mindanao, ao sul. Ainda era muito pobre vinte anos atrás. Apenas trilhas e estradas lamacentas. Lamparinas nas casas. Transporte a lombo de mula. Sem telefone. Violência, tensão e extorsões por causa da presença da insurreição maoísta. A frequência escolar era difícil para crianças e jovens. Observei e conversei com muitas pessoas para identificar os meios ou iniciativas que, em duas décadas, permitiram o salto à frente. Antes de tudo, é preciso reconhecer a vontade ou a capacidade do governo de finalmente dar atenção e investir também na melhoria das áreas rurais. Quatro fatores concomitantes e muito práticos fizeram a diferença: estradas, eletricidade, internet, paz. As áreas remotas continuam rurais, felizmente, mas as estradas permitem a passagem da agricultura de subsistência para a de mercado. Não mais apenas milho e arroz para o consumo familiar, mas também bananas no caso do Vale de Arakan e dos municípios vizinhos, e em menor medida a palma de óleo e a seringueira. Caminhões grandes carregam no local e descarregam diretamente nos mercados de Manila. Poderia ser qualquer outro produto adaptado ao solo e ao clima. Com as estradas, chegam as linhas de energia elétrica, não apenas para iluminar as casas que ficavam no escuro às sete da noite, mas também para fazer funcionar máquinas de trabalho, carregar celulares, melhorar o ensino nas escolas com computadores e projetores. Sem eletricidade não há mundo moderno, desenvolvimento econômico, progresso cultural. Tudo permanece congelado e fossilizado em um passado ao qual ninguém, com razão ou não, deseja retornar. Ainda mais agora que todo dado de conhecimento, decisão, debate e acordo circula na internet. Um clique faz grande diferença na cidade, mas talvez ainda mais no campo, onde no passado as distâncias tornavam a comunicação tão lenta. Não mais! A internet custa pouco, faz ganhar muito e economizar imensamente. Acelera e elimina inúmeros obstáculos. O progresso econômico, cultural e social, a possibilidade de trabalho e de renda reduzem a necessidade de legítimos protestos e reivindicações. E ainda mais anulam o recrutamento de jovens por forças políticas ideologizadas, violentas e antidemocráticas. Wala nang giyera (“não há mais guerra”), dizem-me muitos em voz baixa no Vale de Arakan, aparentemente contentes, mas ainda cautelosos depois de décadas de conflito com o New People’s Army. É uma paz armada, com um batalhão de infantaria ainda estacionado na área. Mas terminou, por parte dos insurgentes comunistas, a ocupação de aldeias remotas, o controle sobre a população, a hostilidade e a chantagem contra as autoridades e instituições do governo. Também acabaram os impostos revolucionários impostos aos comerciantes locais. De fato, o progresso sem paz seria amargo e incompleto. Talvez impossível.
Por Giorgio Licini - Avvenire - tradução e adaptação Valesca Montenegro - redação Mundo e Missão
Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado sobre Mundo, Igreja e Missão, assine a nossa newsletter clicando aqui






.png)
Comentários