Após o acordo de trégua entre Israel e Hamas, o pároco de Gaza, padre Gabriel Romanelli, descreve as condições desesperadoras em que vive a população da Faixa de Gaza. Ele ressalta que o cessar-fogo, embora necessário, não é a solução definitiva para o conflito. “Todos os dias, todas as noites, rezamos pela paz. Quanto precisamos de paz!”, afirma o sacerdote, que enfrenta dificuldades para se conectar devido à falta de energia elétrica, internet e itens básicos como água, comida, remédios e combustível. Mesmo assim, da paróquia da Sagrada Família, onde poucos cristãos encontraram refúgio, seu primeiro apelo é pela paz: “O cessar-fogo não resolve o conflito, mas é um passo absolutamente necessário.”

Padre Romanelli, da congregação Verbo Encarnado, permaneceu em Gaza ao lado do padre Yusuf Asad, das irmãs de sua comunidade religiosa e de missionárias da caridade. Ele insiste: “Todas as pessoas de boa vontade devem continuar pedindo paz. Queremos ser como aqueles que o Senhor abençoou: ‘Bem-aventurados os pacificadores’. Rezamos diariamente pela conversão dos que promovem guerras e pelos responsáveis por tantas destruições, aqui e em outras partes do mundo. Devemos rezar e trabalhar pela paz, pedindo à Santíssima Virgem que nos conceda finalmente a paz.”
A situação na Faixa de Gaza, especialmente em Gaza City, onde está a paróquia, é descrita como “muito, muito, muito ruim”. As palavras são insuficientes para retratar a devastação e o abandono. Restam apenas ruínas, desolação, morte, fome e doenças. As imagens que o padre consegue enviar mostram o sofrimento indescritível da população. Ele explica que a comunidade cristã compartilha o sofrimento dos vizinhos muçulmanos, civis e famílias do bairro.
Ação e esperança
A paróquia abriga cerca de 500 pessoas, e as salas de aula foram transformadas em quartos improvisados para famílias. Apesar disso, padre Romanelli e as irmãs buscam manter o ensino para as crianças e jovens, além de organizar atividades educativas e recreativas para proporcionar um mínimo de normalidade.
“Estamos exaustos, mas seguimos em frente. Com os recursos que recebemos com dificuldade, conseguimos preparar refeições duas ou três vezes por semana. Organizamos pequenos fogões para que as pessoas cozinhem em turnos, usando o que conseguimos obter através do patriarcado latino de Jerusalém, com o apoio do Patriarca Pizzaballa, do Santo Padre e de outras associações e amigos. Assim, ajudamos não só os refugiados em nossa paróquia, mas também milhares de moradores do bairro”, conta o sacerdote.
Todas as manhãs, após a oração, ele visita cerca de 40 doentes, incluindo idosos acamados e pessoas que dependem de oxigênio. “Tentamos ajudá-los o máximo possível, pois todas as infraestruturas de saúde foram destruídas.” Mais de 10 mil feridos ou gravemente doentes aguardam permissão para sair da Faixa de Gaza em busca de tratamento, e muitos casos são gravíssimos.
“Temos muitas histórias tristes”, admite o padre, que, apesar do cansaço, mantém o sorriso. “O sofrimento é grande, mas resistimos e mantemos viva nossa vida espiritual. É ela o nosso motor mais profundo. Celebramos a missa todos os dias e, à noite, nos reunimos para rezar. Continuamos a esperar no Senhor, porque a esperança humana pode falhar, mas a esperança em Deus nunca falha. Rezamos e esperamos por um espírito de verdade, paz, justiça e reconciliação.””.
Por Anna Pozzi – Mondo e Missione, tradução e adaptação Valesca Montenegro - revista Mundo e Missão
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