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Mianmar, a oração do arcebispo de Mandalay

O testemunho de monsenhor Marco Tin Win: "A terra ainda está tremendo e a casa diocesana foi destruída: os sacerdotes dormem ao ar livre com a população." Enquanto isso, a junta golpista continua atacando as milícias da resistência, apesar dos apelos por cessar-fogo.



“Deus, tem piedade de nós.” É o clamor do arcebispo de Mandalay, dom Marco Tin Win, feito em uma mensagem em vídeo publicada pelos canais da Rádio Veritas Asia, após o terremoto de magnitude 7,7 ocorrido em 28 de março, que devastou as áreas centrais de Mianmar — um país já fragilizado por outras catástrofes naturais e por uma guerra civil que dura há mais de quatro anos. “A casa do clero da diocese foi destruída e os padres estão dormindo no chão ao ar livre com as pessoas”, diz o prelado. “A terra ainda está tremendo e as crianças estão em estado de choque. Muitas pessoas estão desesperadamente procurando parentes desaparecidos.” Dom Tin Win explica ainda que pessoas de todas as religiões do país estão participando das operações de socorro.


Diversas congregações religiosas se mobilizaram para levar ajuda à população deslocada: alguns voluntários salesianos de Dom Bosco conseguiram chegar à cidade de Sagaing — segundo moradores, 80 a 90% destruída — onde foram confirmadas mais de 100 mortes. Atualmente, há vários trabalhadores humanitários no local (a Unicef informou ter levado 13 horas para chegar à cidade desde Yangon), incluindo uma equipe especializada da Malásia. Também os frades menores da região de Pyin Oo Lwin relataram que, na segunda maior cidade do país, “milhares de pessoas continuam procurando abrigo em campos de futebol, igrejas e nas margens das estradas, devido aos constantes tremores secundários”. Além disso, as temperaturas em Mianmar continuam elevadas nos últimos dias, entre 37 e 40 graus.

Enquanto isso, a junta militar recusou as propostas de cessar-fogo feitas pelos grupos rebeldes da resistência antigolpista. Também o cardeal Charles Bo e a Conferência Episcopal Católica de Mianmar pediram, em 29 de março, uma cessação urgente das hostilidades para permitir a passagem livre de ajuda humanitária à população. “Pedimos com firmeza um fim imediato e completo dos combates entre todas as partes, para que a ajuda humanitária essencial possa ser entregue com segurança e sem obstáculos pelos apoiadores de todo o mundo”, afirma o documento assinado pelos bispos.


Hoje, os generais birmaneses confirmaram ter atirado contra um comboio da Cruz Vermelha chinesa que se deslocava no Estado de Shan, uma região onde alguns vilarejos são controlados pelo Exército de Libertação Nacional Ta’ang (TNLA), uma das milícias étnicas que atuam no norte de Mianmar e disputa territórios com o exército na região de Sagaing. O porta-voz da junta afirmou que os nove veículos não tinham recebido autorização militar para a viagem. Após o episódio — no qual, segundo o Ministério das Relações Exteriores da China, nenhum agente humanitário ficou ferido — Pequim divulgou um breve comunicado pedindo “com firmeza que todas as partes em Mianmar garantam a segurança dos trabalhadores humanitários envolvidos no socorro após o terremoto”. A China é o principal financiador da junta golpista birmanesa e agora busca ocupar o espaço deixado pelos cortes da USAid decididos pela administração de Donald Trump. De fato, a China enviou 30 equipes de resgate ao país, com mais de 500 pessoas no total.


A mídia pró-resistência denuncia que o exército birmanês continua focado na repressão dos grupos rebeldes, em vez de se dedicar aos resgates — essa imprensa tem enfrentado sérias dificuldades, especialmente devido aos cortes americanos dos quais dependia. Há dois dias, pelo menos 30 jovens que haviam chegado à cidade de Mohnyin, no Estado de Kachin, para treinamento militar com os combatentes do Exército pela Independência Kachin (KIA), foram mortos em um ataque aéreo da junta. Uma fonte próxima ao KIA disse ao The Irrawaddy: “A maioria dos mortos eram jovens homens, com algumas mulheres entre eles. A maioria tinha entre 20 e 27 anos e decidiu pegar em armas após fugir do alistamento forçado imposto pela junta militar.”


Outras fontes da AsiaNews, que pediram anonimato, confirmam que as organizações internacionais já presentes no país antes do terremoto “estão tentando fornecer ajuda, mas enfrentam dificuldades devido à guerra civil em andamento e ao isolamento internacional do país.”

Para responder à emergência humanitária, a Fundação Pime decidiu promover uma campanha de arrecadação para Mianmar. Os fundos arrecadados serão utilizados para levar ajuda às vítimas do terremoto através da ONG New Humanity International, que atua há anos no país e, com sua rede local, está mobilizada nas operações de socorro.


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EMÊRGÊNCIA MIANMAR


Por Asia News - tradução e adaptação, redação Mundo e Missão


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