A 30ª edição do Relatório da World Watch List, sobre os 50 principais países onde os cristãos são mais perseguidos revela que no último ano 5621 cristãos foram mortos, 4542 presos e 5259 sequestrados.
Mais de 360 milhões de cristãos sofrem um alto nível de perseguição e discriminação por causa da sua fé, praticamente 1 em cada 7 cristãos. Isto foi revelado na 30ª edição da World Watch List (WWList), a lista dos 50 principais países onde os adeptos do Cristianismo são mais perseguidos, editada pela Open Doors Onlus. E aos cristãos que "sofrem violência na pele", o Papa dirigiu seus pensamentos esta manhã (18) durante a audiência geral, pedindo que rezassem pelo Padre Isaac Achi, que foi morto no domingo passado na diocese de Minna, no norte da Nigéria, o país onde há o maior número de cristãos assassinados: 5.014, de acordo com a WWList.
Em 2022: foram mortos 5621 cristãos
O Relatório, apresentado hoje na Itália em contemporânea com outros 24 outros países, é o resultado do trabalho de uma equipe de pesquisadores que monitoram a realidade dos cristãos em 100 países do mundo e revela que entre outubro de 2021 e setembro de 2022, 5621 cristãos foram mortos, 4542 presos e 5259 sequestrados - incluindo 4726 na Nigéria -, enquanto 2110 igrejas ou edifícios cristãos foram atacados.
Coreia do Norte: país com maior número de cristãos perseguidos
O país com o maior número de cristãos perseguidos é a Coreia do Norte, onde o aumento das prisões e o fechamento de um maior número de igrejas, explica Open Doors, também se deve à nova onda de perseguição promovida pela "Lei contra o Pensamento Reacionário" que, entre outras coisas, torna um crime publicar qualquer material de origem estrangeira, inclusive a Bíblia. Seguem a Somália, Iêmen, Eritréia, Líbia. Nações, em sua maioria, fortemente islâmicas e mais intolerantes para com os cristãos, onde, assinala Open Doors, a perseguição se deve à radicalização das sociedades tribais islâmicas, ao extremismo ativo e à instabilidade endêmica. Nestes países a fé cristã tem que ser vivida em segredo e se for descoberta (especialmente se ex-muçulmanos) corre-se o risco de morte. Os lugares mais perigosos do mundo para os cristãos são a Nigéria, o Paquistão, onde há mais violência anti-cristã, o Irã, onde cristãos e igrejas são vistos como ameaças ao regime islâmico e os convertidos ao cristianismo estão expostos a maiores riscos, o Afeganistão e o Sudão. Em Mianmar, por outro lado, mais de 100 mil pessoas foram obrigadas a deixar suas casas, esconder ou fugir do país, e o número de casas, lojas e propriedades cristãs destruídas ou atacadas, mais de mil, ressalta a virada autoritária da junta militar, que tem visado certas minorias percebidas como perturbadoras simplesmente porque professam a fé cristã.
Aumentam os sequestros cristãos
O relatório mostra uma diminuição no número de igrejas atacadas ou fechadas, de 5.110 (WWL 2022) para 2.110 (WWL 2023), mas o aumento dos sequestros de 3.829 para 5.259 e isso é preocupante, dos quais quase 5.000 estão na África, principalmente na Nigéria, Moçambique (32) e na República Democrática do Congo (37). Dezenas de milhares de cristãos foram atacados (espancados ou assediados com ameaças de morte) apenas por causa da sua fé; mais de 29.400 casos surgiram no ano passado, enquanto 4.547 casas e 2.210 lojas e empresas foram atacadas. Além da violência, há também o assédio diário aos cristãos, incluindo discriminação no trabalho, falta de acesso à saúde e educação, pressão e ameaças de renunciar à sua fé, negação de alívio de calamidades e excesso de burocracia.
Os governos mais hostis aos cristãos e a "Igreja de refugiados”
Quanto a outras áreas, a liberdade religiosa na América Latina é ameaçada por má governança, criminalidade. A opressão direta do governo contra os cristãos, percebida como vozes da oposição, é generalizada na Nicarágua, Venezuela e Cuba, onde líderes cristãos foram presos mesmo sem julgamento por seu envolvimento em manifestações. O agravamento da situação na Nicarágua vem desde abril de 2018, quando a repressão governamental se intensificou após protestos públicos e a Igreja era um alvo específico, com edifícios danificados, estações de televisão e escolas fechadas, e líderes religiosos expulsos. Nos cerca de 100 países monitorados, a perseguição está aumentando em termos absolutos: existem 76 nações que têm um nível que pode ser definido como alto, muito alto ou extremo. E o número de cristãos que fogem da perseguição, a chamada "Igreja de refugiados", está crescendo. No Oriente Médio, por exemplo, há cada vez menos cristãos devido à privação, discriminação e perseguição, e os jovens continuam a emigrar em busca de um futuro melhor. A WWList também dá uma visão geral dos casos de violência e abuso contra as mulheres, o que não é fácil de monitorar, já que em muitos países os relatos são raros, por razões culturais e sociais. Mas de acordo com o Open Doors, com os testemunhos ouvidos, notificou-se 2.126 casos em um ano, aos quais se somam mais de 717 casamentos forçados.
Por Tiziana Campisi – Vatican News
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