top of page

Cristãos e budistas: trabalhar juntos pela paz através da reconciliação e da resiliência

A reconciliação e a resiliência são corretivos necessários para uma cultura de violência que muitas vezes é justificada como uma resposta deplorável, mas necessária, a ações militares ou terroristas agressivas. A reconciliação e a resiliência nos permitem perdoar e pedir perdão, amar e estar em paz com nós mesmos e com os outros, inclusive com aqueles que nos fizeram mal: diz a mensagem do Dicastério para o Diálogo Inter-religioso por ocasião do Vesak, festa sagrada da espiritualidade budista


Uma celebração da festa do Vesak na Indonésia (Reuters)
Uma celebração da festa do Vesak na Indonésia (Reuters)

Para fazer nossa parte para acabar com ódio e o desejo de vingança que levam à guerra e no curar as feridas que a guerra infligiu à humanidade e à terra, nossa casa comum, devemos fortalecer nosso compromisso de trabalhar pela reconciliação e resiliência.

É o que afirma a mensagem do Dicastério para o Diálogo Inter-religioso por ocasião do Vesak, festa sagrada e de profunda espiritualidade budista, “oportunidade apropriada para estender nossas mais calorosas saudações e refletir convosco sobre nossa responsabilidade comum como cristãos e budistas de promover a paz, a reconciliação e a resiliência, valores profundamente enraizados em nossas respectivas tradições religiosas”.


Uma atenção renovada à questão crítica da paz

“Nunca mais a guerra, nunca mais a guerra! É a paz, a paz, que deve guiar o destino das nações de toda a humanidade!” Esse forte apelo, proferido pelo Papa Paulo VI em seu discurso às Nações Unidas em 4 de outubro de 1965, foi ecoado em inúmeras reuniões inter-religiosas nos últimos anos para condenar a destruição causada pelas guerras em todo o mundo. “Já abordamos esse tema em várias ocasiões, mas a escalada contínua dos conflitos em todo o mundo exige uma atenção renovada à questão crítica da paz e uma reflexão mais profunda sobre nosso papel na superação dos obstáculos ao seu crescimento. Além de nossas constantes orações e esperanças, a situação atual exige de nós esforços vigorosos”, lê-se.


A mensagem publicada esta segunda-feira (06/05) ressalta que a menos que as causas fundamentais do conflito e da violência sejam devidamente abordadas, o alvorecer da paz duradoura é uma ilusão, pois não pode haver paz e reconciliação sem equidade e justiça na vida política, econômica e cultural.


Curar as feridas do passado

Os nobres ensinamentos de nossas respectivas tradições e as vidas exemplares vividas por aqueles que veneramos testemunham os abundantes benefícios da reconciliação e da resiliência. Quando o perdão é buscado e os relacionamentos rompidos são curados, aqueles que se afastaram são reconciliados e a harmonia é restaurada, lê-se na mensagem.

A resiliência permite que indivíduos e comunidades se recuperem de adversidades e traumas. Ela promove a coragem e a esperança de um futuro melhor, pois transforma tanto as vítimas quanto os agressores e leva a uma nova vida. “A reconciliação e a resiliência - ressalta-se - se unem para formar uma sinergia poderosa que cura as feridas do passado, cria laços fortes e permite enfrentar os desafios da vida com força e otimismo”.


Perdoar e pedir perdão

Conforme ensinado nos rituais e cultos de nossas respectivas tradições religiosas, a reconciliação e a resiliência são, portanto, corretivos necessários para uma cultura de violência que muitas vezes é justificada como uma resposta lamentável, mas necessária, a ações militares ou terroristas agressivas. A reconciliação e a resiliência nos permitem perdoar e pedir perdão, amar e estar em paz com nós mesmos e com os outros, inclusive com aqueles que nos fizeram mal.

A mensagem do Dicastério para o Diálogo Inter-religioso lembra que o Buda transmitiu a sabedoria atemporal de que “neste mundo, o ódio nunca é apaziguado pelo ódio. Ele é apaziguado apenas pela bondade amorosa”. (Dhammapada, v. 5), enquanto São Paulo, ecoando o apelo de Jesus ao perdão ilimitado (Evangelho de Mateus 6,14), exorta os cristãos a abraçarem o ministério da reconciliação iniciado por Deus em Cristo (2 Coríntios 5,11-21).


Caminhar juntos pela paz

Por fim, também o Papa Francisco nos assegura que “a reconciliação reparadora nos fará ressurgirr e fazer com que nós mesmos e os outros percamos o medo” (Fratelli tutti, 78). Ele aconselha aqueles que foram inimigos acirrados a “aprenderem a cultivar uma memória penitencial, que saiba aceitar o passado para não turvar o futuro com seus arrependimentos, problemas e planos” (Fratelli tutti, 226).

Todos nós somos chamados a redescobrir e valorizar esses valores em nossas respectivas tradições, a tornar mais conhecidas as figuras espirituais que os encarnaram e a caminhar juntos pela paz. Com esses pensamentos de oração, a mensagem conclui-se desejando aos irmãos budistas uma frutífera celebração do Vesak!


Por Raimundo de Lima – Vatican News

 

 

Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado sobre Mundo, Igreja e Missão, assine a nossa newsletter clicando aqui


banner com callto action assinatura

bottom of page